segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

(No more) rumours


Terminar esse ano de porcaria com os lindos do Mac...
Vou botar o meu reino à venda, seguir aqueles que empalidecem na minha sombra.. (obrigada por essa, Stevie)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

a minha imitação da vida


Quero concentração
Ambições
Desejos e vontade de querer mais
Quero ter um gosto melhor, luzes da cidade, luzes da ribalta
Na verdade, eu queria mesmo sorrir mais
Tentar agradar menos, sentir bombons de licor, cigarros misturados à cerveja
Jogar fora esse amor proibido (e quase enterrado)
Não queria sonhar tanto com o passado - o andarilho sempre insiste em desaparecer
Duas, três vezes
E eu espero, acordo com o coração no travesseiro, calafrios e sensação térmica de natureza morta

Os meus surtos agora estão presos numa jarra de vidro, escondida atrás das minhas roupas
Mas elas têm lábios de fantasmas e chegam a três minutos de eu tomar uma decisão importante
Eu me afasto, me isolo, me prendo dentro das minhas ambições natimortas
Não quero que essa seja a minha existência-vida
O bom é sentir o gosto branco dos cubinhos de açúcar e o cheiro cremoso da manteiga que comi na Suíça
E eu sinto falta da Europa
Sinto falta de Paris, tu me manques
Ali minha vida não foi uma imitação, eu existia
Insônia que toma conta do meu inverno da alma
E de uma vida que não passa de imitação

sábado, 22 de dezembro de 2012

57 segundos


                                        Entre o mais alto dos gritos e o mais completo silêncio

domingo, 16 de dezembro de 2012

Thanks, Van



"Tryin' to remember
All the wild night breezes
In your mem'ry ever
And ev'rything looks so complete
When you're walkin' out on the street
And the wind catches your feet
Sends you flyin', cryin'
Wild night is calling, alright
Wild night is calling"

E eu escolhi


experimentar não permitir o deserto me tragar, aquela parte que é sufocada pelo esquecimento e imaculada pela loucura.

A moral da história que fica é tentar não desistir de tudo, permitir o obstáculo passar entre as mãos...

E, ainda assim, não jogar meu coração na curva do rio, muito embora eu quase o deixei se afogar na água turva da ingratidão.

Mas, honestly? Poderia ser bem pior. E todo mundo sente (um pouco) falta dos próprios problemas.

sábado, 24 de novembro de 2012

A corrente


Fleetwood Mac por Norman Seeff, 1979

O nível de fofura dessa foto... Stevie e John, pf!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Redoma de vidro

"I will remember the kisses
our lips raw with love
and how you gave me
everything you had
and how I
offered you what was left of
me,
and I will remember your small room
the feel of you
the light in the window
your records
your books
our morning coffee
our noons our nights
our bodies spilled together
sleeping
the tiny flowing currents
immediante and forever
your leg my leg
your arm my arm
your smile and the warmth
of you
who made me laugh
again."
                                                                                                               
                                                                                                                    do grande Charles Bukowski

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Conversação

O que seria de nós sem as conversas? Conversas consigo mesmo, com os outros, com o silêncio, com Deus, com o Diabo, com a Terra, com o Sol... Algumas que tive foram vitais para mim, muito embora eu não queira mais revivê-las: misturei-me e me perdi dentro delas ...


































Elizabeth Bishop fala por nós:

O tumulto no coração
Faz um monte de perguntas.
Depois para e passa a dar respostas
No mesmo tom de voz.
Impossível ver a diferença.

Desinocentes, as conversas começam,
depois envolvem os sentidos, 
meio a contragosto.
Depois não há mais escolha,
depois não há mais sentido;

até que some
a diferença entre sentido e nome.
                                                                                                               (1955)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Solar

Porque não basta ser só bela e talentosa,


                                                       tem que ser Anna Karina.

sábado, 3 de novembro de 2012

Dias de vinho e rosas


Eu quero gritar, mas mal posso falar.

sábado, 27 de outubro de 2012

"I'll find somewhere/ where they don't care who I am"



Ah, Albuquerque

Lonerism



"It was sometime in October; she had long ago lost track of all the days and it really didn't matter, because one was like another and there were no nights to separate them because she never slept anymore"


Sylvia Plath - Tongues of Stone

domingo, 14 de outubro de 2012

A minha cidade


se irrompeu em chamas 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Lucidez,



volte para mim, eu que perdi meus cinco sentidos com raios em índigo e as veias escuras que pulavam do pulso.

Lucidez, volte para mim sem posição, sem tormento ou disfarces.

Bata  à minha porta duas, três vezes, sozinha ou com alguém, mas volte,
apenas volte.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Muito azul


e Monica Vitti!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Blame it on my wild heart


      Blame it on my wild heart

                                                                                                                                    Stevie Nicks

sábado, 1 de setembro de 2012

Diane Keaton e a arte do sorriso

Tão engraçado e belo quanto qualquer cena desse filme maravilhoso que é Annie Hall (!), é o sorriso da Diane Keaton. É tão maroto e inesquecível que às vezes confunde a atriz com a própria personagem... Quem nunca viu a Diane em outros filmes, ouviu sua risada e imediatamente se lembrou da cena da lagosta?




segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Like the color when the spring is born


Como vou começar?

Tá. Foi em 2007, se não me engano. Abri um livro qualquer numa livraria quando me deparei com uma foto quase azul, queimando em amarelo, uma moça linda com um cigarro na mão, brincos, um colar, batom vermelho... Tudo que eu pensava quando insistia em olhar para a foto era pedir: "Não, Joni, por favor, não me olhe assim. Não me olhe assim".

Sim, ela não olha diretamente para o fotógrafo, muito menos para você, mas e daí? Naqueles meus dias de azul índigo, on a lonely road and traveling, traveling, traveling e com canções que me marcavam como tatuagens, essa foto da Joni Mitchell me falava mais alto que qualquer palavra de pesar/amor/desamor dita pela minha mais justa consciência. Pode parecer muito estranho, mas a Joni me machucava naquela época, apontando o dedo pra mim, foi só um alarme falso. Era uma dor "confortante", só para esclarecer. Eu estava começando a ver que tudo podia ser doce, mas também muito amargo.

O que contribuiu mais para o meu "pedido de súplica", foi o fato de, no livro, a foto ter sido conectada ao álbum Blue (1971), tão constante no meu som quanto a minha preocupação em tirar boas notas na escola. Pelo cabelo da Joni (?) e sua aparência, é óbvio que a foto não data do começo da década, mas do período 1974-1976, época de seu boom na indústria musical com o fabuloso Court and Spark - dá até para ouvir sua "nova" voz característica desse álbum, agora rouca e um pouco grave, mas ainda belíssima, no momento em que você olha para a foto.

Contudo, essa imagem - talvez por causa do livro - vai me ficar para sempre marcada como a foto do Blue, a foto do cigarro e do vinho de "The Last Time I Saw Richard", as rosas carmim, a voz da minha canção de ninar envolvida em névoa, cafés escuros, andarilha da chuva. E quando olho pra imagem, não imagino a Joni cantando "Raised On Robbery" ou "Free Man In Paris", mas as palavras alegres  tristes de "All I Want" para uma plateia ainda em estado de êxtase por ver aquele anjo dourado e de lábios vermelhos com um cigarro na mão cantar (ok, ela não está  tocando seu saltério dos apalaches na foto, mas whatever). 

E, no momento em que ela professa com seu piano, bem no finalzinho do show, "only a phase/these dark cafe days" e olhar para todo mundoqualquer um vai saber o que ecoa na mente da pessoa ao seu lado: "Não Joni, por favor, não me olhe assim. Não me olhe assim".

Contudo, eu olho, todos nós olhamos para ela.

Olhamos para aquela foto, para aquele sorriso. 

Olhamos para aqueles olhos. 

E, acima de tudo, olhamos para aquela música que sai deles.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Blessed


Esses tempos de ficar em casa, olhando para os livros e tentando enxergar os meus desejos só me fazem sentir mais presente e materializada dentro das minhas próprias dúvidas. Às vezes acho que pareço imóvel diante de lembranças que ainda me atormentam num tempo passado, mas não é assim que devemos nos sentir quando o que passou ainda insiste em batalhar contra nós?

Não sei, é tudo tão bom para ser esquecido, mas lidar com a perda nos torna mais fortes, mais ricos e, sim, mais humanos. Foi como num filme que assisti, o presente me deixa mais viva, me traz mais surpresas, tanto pode ser infinito como pode acabar amanhã... 

Ok, aquela sensação de "anjos bêbados", aqueles que se embriagam com o que já tiveram ou com o que nunca terão é poderosa, mas triste. Além do mais,  viver entre o concreto e a cerca elétrica tem lá suas vantagens...

Enquanto nada desaparece, encontro o melhor remédio nas minhas flores e nos meus discos, outra forma de embriaguez, mas desta vez sólida e nada perigosa. Com a corrente no pescoço ou não, a verdade é que estudar as palavras que saem de uma canção é a melhor terapia para tempos "abençoados" como esses...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O amor

me pôs no caminho da vida


Sylvia Plath

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Erro de transmissão


e eu fico lisonjeada com essas tentativas de refúgio das ameaças do que você ou eles me representam

eu fico encantada pela minha rendição, mãos frias de soluções, confiança, espera, forças reprimidas

Defender-se é só um artifício para mascarar medidas tomadas pela emoção, pelo amor, pelos beijos abafados

eu te saúdo pela perseverança e cara que parece limpa, mas já está na hora de partir, ma chère amie

não espere que te joguem flores, te contornem os lábios com mel, as unhas de vermelho ou te comprem um vestido claro, de flores, branco ou azul

o teu pensamento voa e a realidade estanca. Cheia de alegria pelo que está por vir? Bom. Se você soubesse o que ia acontecer, não queria ter dado um passo enorme e cortado todos os dedos da mão - junto com os sonhos que achava que tinha.

Não tem nada de errado com o passado. Ele só está morto. Não vive mais.

Mas nunca se esqueça de saber quem você é. Nunca se esqueça de saber quem você é.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Os filmes da minha vida (II)


Sindicato de Ladrões (On the Waterfront, dir: Elia Kazan, 1954)

sábado, 7 de julho de 2012

Ode a Paul Simon

Paul Simon, me ajude

Confirme para mim que tenho minha poesia e meus livros para me protegerem

Que eu voltarei para a Inglaterra França, onde se estende o meu coração

Que eu ainda estou louca depois de todos esses anos

Que eu ainda continuo sendo aquela alma dúbia - eu só faço o que quero, mas não sei o que quero  realmente

Ou que meu lar é realmente aqui, onde meu amor se estende me esperando em silêncio


Que eu sou uma rocha - e uma rocha não sente dor. E uma ilha nunca morre.

E que tempos foram aqueles, hein? Tempos de inocência e confidências... 

E, acho que faz meses (que mais parecem anos), ainda tenho uma única fotografia

Eu preservo as minhas lembranças - mesmo que ruins, acredite - porque elas são o que me resta.

Que eu saia por aí procurando a América, a Europa, o meu quarto, a minha casa, a minha vida.

Só um último pedido: cante uma música, uma música pra os pedintes, pedintes como eu

só assim deixo de ser essa água turbulenta - mesmo sem ponte para se estender sobre ela

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Buckets of Rain

I'll do it for you, honey baby
Can't you tell?

Bob Dylan

terça-feira, 26 de junho de 2012

A arte


de não tentar ser só mais um

sábado, 23 de junho de 2012

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A (s) pergunta (s)



"I don't know if you've ever felt like that. That you wanted to sleep for a thousand years. Or just not exist. Or just not be aware that you exist. Or something like that. I think that wanting that is very morbid, but I want it when I get like this. That's why I'm trying not to think. I just want it all to stop spinning."
                                                                                           
                                                                                                            The Perks of Being a Wallflower

Ou aquela vontade se sumir por um dia ou dois, até mesmo viver sem livros, filmes ou músicas, abandonar sonhos, pais, amigos, amores, se abandonar.

Preciso me perder umas três vezes para depois me encontrar outras quatro.

Mas o pior que a juventude está aí, o tempo está aí, as cobranças estão aí... As promessas de auto-superação também.

 Levaram-me a tortura e deixaram o tormento, laços escarlates que me sufocam o pescoço com fina ironia. E eu só queria sentir o não-existir, o não-parecer e o não-tocar, sumir da realidade do (não-) viver

Mas a gente não pode parar. Não pode.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Um dia,


todas nós seremos como você, Romy Schneider

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A excessiva



"Je suis excessive
J'aime quand ça désaxe
Quand tout exagère,
Moi je reste relaxe
Je suis excessive
Excessivement gaie, excessivement triste
C'est là que j'existe"
                                                                                                                             Carla Bruni

sábado, 9 de junho de 2012

O jeito


Jeanne Moreau de ser

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Undertow



E hoje me bateu a angústia que vem com o fim do dia, calma, soluçante, despercebida;
E hoje me bateu a a lembrança da triste volta, camisas xadrez, palavras esparsas;

Os comentários que me surgem na cabeça: "Você nunca vai deixar isso ir", "Apenas morda as mãos de forma egoísta, feche os olhos ardidos em sal do mar, ande com os amigos, sem emoção, sem passado, sem futuro"

E ontem sonhei com Paris de novo, duas vezes. A Cardinal Lemoine, a exposição da Diane Arbus, a foto escura em frente a um cartaz do Andy Warhol. Eu sonhei com Paris de novo.

De novo.

Nós nunca teremos Paris. Só eu tive Paris. Paradoxalmente.

domingo, 3 de junho de 2012

A testemunha

"Pode haver a garota esperando, o beijo no escuro, o sussurro de uma promessa, o sol no parque ou o cisne no lago, o trabalho para mim e o trabalho para ele e para ele, a bandeira tremulando ousada e livre para sempre, e vezes e vezes seguidas o garoto bonito encontrando a bela garota, e a procura e a captura de todo esse belo amor. Isso poderia ser o melhor que existe no mundo... Mas eu não vejo as coisas assim. Nunca verei. Eu simplesmente não enxergo assim."


                                                                                                                     

                                                                                                                      Patricia Highsmith, 1942

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A tarefa

Essa obrigação de escrever sobre tudo que vejo, falar sobre isso e aquilo, impressões que nem tenho na superfície...

Tudo isso me arranca os nervos, o desejo cítrico de continuação. Eu só quero ver e sentir tudo dentro de mim.



Será que é tão difícil?

Bem assim


domingo, 20 de maio de 2012

Sunday, le dimanche




                                                   é como aquela velha canção do Travis

"O meu lado esquerdo está no direito, o meu interior está no exterior"

Tentar não se sentir tão bem é um forma de se alcançar, de não tentar demais, o esforço que só é encontrado dentro de qualquer um que ainda tente viver, dádiva amaldiçoada.

E quando não se encontra as palavras que compõem o caminho, as fragilidades que nos seguram as mãos, meros instrumentos de nosso desejo de continuarmos aqui só para sentir mais um domingo entre as permissões?

É só tentar se mistificar.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Para alcançar a juventude

vou utilizar um dos velhos clichês:



leio e escrevo só para aliviar a dor. 

Mesmo que essa dor já saiba me escrever e, com mais frequência, também me ler.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

terça-feira, 8 de maio de 2012

Neste lado



Agora eu te entendo, Norma Jean.

Perfeitamente.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sal de prata


Sabe qual a minha maior vontade neste momento?

Passar um domingo inteiro na praia. Seria cedinho, até lavaria os cabelos antes. Tomaria uma xícara de chá preto com duas bolachas e sairia antes do sono me levar. E comigo iria um disco do Best Coast e um soul do Ottis Redding.

Eu demoraria um pouco para entrar no oceano, só para sentir o calor do sol na minha pele. Daí eu me levantaria e andava devagar até a água. Ficava lá um bom tempo, porque o mar me faz pensar nas coisas que nem consigo lembrar quando estou na terra. Ia mais fundo, até onde meus pés pudessem alcançar e mergulhava para sentir aquele sal nos cabelos e no corpo.

(É importante observar que, muito embora a maioria vai à praia com alguém, também é bom ir sozinho, principalmente na hora de capturar as ondas.)

Eu sairia da água com os cabelos duros de tanto sódio, a boca cortada de espumas - mas a minha parte que atormenta, que machuca e chora ficaria afogada bem no fundo, bem no fundo do oceano.

Quando fosse o momento de chegar em casa, eu comeria com a fome dos que pedem amor, porque o mar te faz sentir-se assim, apaixonado, nem que seja por nada. Mas antes tomaria banho de água doce, beberia essa água e sentiria o doce misturar-se ao salgado do mar da minha boca, como o açúcar que se dissolve na língua depois que a gente prova uma torta de canela e maçã.

E, por fim, eu teria um sono misturado a lençóis com o mesmo cheiro do meu hidratante de manga e laranja, mesmo sentindo os músculos mergulhados na água. Alguém aí já teve a sensação de, depois de sair do mar, anda achar que está dentro dele? Porque eu ainda consigo sentir as ondas se mexerem perto do meu travesseiro...

Eu acordaria na segunda-feira com os cabelos cheirando a sal e iria para a aula ainda com os olhos ardidos, o algodão da roupa tocando as conchas nos bolsos.

 Tudo isso para querer voltar, mais uma vez, para o mar.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

CPL593H



Ainda perdida nesse instante de águas mortas - três dias, doze horas e vinte e três minutos

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Stand Back


é com o vestido claro afogado na água fria

com a cera do batom vermelho misturado à saliva

e o calor que me confunde os cabelos no pescoço

que digo que você ainda não saiu de mim - o que quer ou quem quer que seja

e eu constato isso nos meus momentos mais sagrados - nas palavras dos meus livros favoritos, nas notas das minhas canções que enchem o meu quarto ou nos longos minutos sentados perto de mim em mais uma das minhas viagens em ônibus tão cheios, mas tão vazios que me levam a intervalos de quatro horas de pura insatisfação;

será que você pode me dizer o que ainda nos une? Ou o que nos separou? Porque eu só consigo enxergar imagens embaçadas nos meus sonhos perturbados, um daqueles em que a gente se perdia, mas eu era a unica que tentava te encontrar, mas nunca te via;

eu acordei com a angústia no lugar do cobertor e, nessa hora, meu corpo estava azul, blue, bleu;

ainda te vejo nas minhas horas mais tristes, nas minhas horas mais felizes

no meu sono intranquilo

mas eu só te peço para ficar para trás, volte para onde veio, não tente se mover

quem sabe só assim EU volto para onde vim

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Aprendendo a viver


"Quero dizer, o poder de viver uma vida completa, adulta, uma vida que aspire ao contato mais estreito com o que eu amo - a terra e as maravilhas que nela existem - o mar - o sol - ... .... depois eu quero trabalhar. Em quê? Eu quero tanto viver, que eu trabalho com as minhas mãos e os meus sentimentos e meu cérebro. Eu quero um jardim, uma pequena casa, grama, animais, livros, quadros, música."

Katherine Mansfield

sábado, 14 de abril de 2012

Doisneau, Paris e o Amor









Os grandes amores são fortes. Os grandes amores são testemunhas do fim do que não deveria ser, o júbilo imerso no abismo do inconsciente.

Os grandes amores são altos, os corações que caminham na descoberta do mundo.

Os grandes amores se distribuem em suspiros abafados, palavras curtas, adeus e saudações, crônicas de vidas anunciadas;

Os grandes amores carregam o humor do verão, as carícias cortantes do inverno, a força e também a fragilidade de uma primavera. Mas nunca a efemeridade de um outono.

Os grandes amores te roubam a consciência do estar no mundo, devolvem o aviso silente das horas preenchidas em mãos fechadas. 

Os grandes amores são estados de graça.

sábado, 7 de abril de 2012

full and hollow

Talvez eu tentasse conhecer meus medos antes de enfrentá-los


Pelo menos uma vez na minha vida

terça-feira, 3 de abril de 2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Vou deixar o ofício de escrever para aqueles que o dominam;

Abstenho-me de qualquer tentativa;

Depois de uma noite de muita insônia, percebi muito tarde que só nasci para contemplar;

Contemplar e viver dessa contemplação.


Ainda me restam dois meses de alegria disfarçada.

sábado, 31 de março de 2012

Cópias


E, de repente, você se dissolveu nas minhas lembranças diárias, na minha rotina morna e calma, às vezes apressada. Mas é tão difícil te perceber nela, já que eu também me misturo em tudo que vivo. É como aquele sal da água do mar, você nem sabe que está ali. Mas aí você abre os olhos sob a água e eles começam a arder.

Não digo que, ao te ver dissolvido em mim, você vá provar meus gostos ou seguir minhas palavras ditas no meu silêncio. Pelo contrário. A cada dia que passa, sua presença se torna tão transparente, natimorta e silenciosa, que todas as suas descobertas ou que te fazia sentir-se vivo e pulsante dentro de mim agora são meus segredos de segunda mão, aqueles que você diz para todo mundo, mas para você eles ainda são secretos, porque você quer guardá-los para garantir que eles sempre foram seus.

Eu tenho a cópia das chaves, nunca fiquei do lado de fora. Eu sorri, guardei esse sorriso por um tempo e depois eu descobri a resposta para o que me corroía os meses: "Eu seria a mesma se deixasse tudo isso para trás?". Essa é a minha vida e, mais uma vez, eu tenho a cópia das chaves.

Eu experimentei um pouco de dor por tudo que eu não consegui explicar, viver ou criar. E ainda sinto essa dor, mas não tão viva quanto estas palavras que me saltam da consciência. Mas dissolvida, transparente, silenciosa e natimorta na minha rotina morna e às vezes apressada, na minha rotina que me ajudou a juntar os pontos, as vírgulas e os travessões que me faltavam na fala e nas ações. Eu já consigo sentir o gosto da menta, os acordes das músicas que só me apareciam nos sonhos perturbados ou nas imagens inventadas.

Achei a cópia das chaves.

quinta-feira, 29 de março de 2012

In France

they kiss on main street

quinta-feira, 22 de março de 2012

E agora


eu sou a minha força, aquelas imagens embaçadas que me chegam preguiçosas quando tiro os óculos. Eu sou a minha cegueira, a dor intermitente, a minha saudação e a minha despedida.

eu sou a minha língua que encostou a neve, a minha boca que se desmanchou no gosto alvo de baunilha.

eu bato nas pérolas juntas à areia, eu espero jogarem fora meu último ovo de ouro

ou me apertarem e verem que dentro de mim só existem

praias

quinta-feira, 15 de março de 2012

Pelas rosas



Foram só sonhos, minha querida

Foram só sonhos e alarmes falsos

E eu tentei tanto, mas você não estava no meu sangue como vinho sagrado

Você não era meu pai, nem meu filho, meu amante ou minha dor e tristeza;

Eu me forcei, mas eu não me senti como se tivesse acabado de nascer

ou como um relâmpago que irrompe na tempestade.

Talvez eu nunca tenha realmente amado, eu passei minha vida inteira em nuvens de altitudes frias.

E eu só estava lá, querendo me sentir ouvida por canções de amor ou até podia ser pelo silêncio, pelo toque, pelo tato dos dedos sobre a minha pele fria

Mas eu estava lá, eu juro que estava. E eu sei que pareço ingrata com os dentes enterrados nas mãos, mas isso me traz coisas das quais ainda não posso desistir;

vou tomar um banho frio e tirar toda essa poeira do meu corpo mudo, sentir o cheiro e me ferir nessas rosas nunca enviadas, nessas rosas que são exatamente um alarme falso, o mesmo que eu não sabia que vivia até ele me ferir;

é assim que eu escondo a mágoa, enquanto a estrada segue bela e amaldiçoada;

e a minha vontade de ir. A minha vontade de sair e meu grito frio de triunfo.

terça-feira, 13 de março de 2012

Doigts (III)

só um pouco na superfície...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Que eu seja doce


bem doce, bem doce, bem doce e amarga

porque desenhar e andar em linhas retas não me fazem querer provar o gosto escuro do sol de amanhã