quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Blessed


Esses tempos de ficar em casa, olhando para os livros e tentando enxergar os meus desejos só me fazem sentir mais presente e materializada dentro das minhas próprias dúvidas. Às vezes acho que pareço imóvel diante de lembranças que ainda me atormentam num tempo passado, mas não é assim que devemos nos sentir quando o que passou ainda insiste em batalhar contra nós?

Não sei, é tudo tão bom para ser esquecido, mas lidar com a perda nos torna mais fortes, mais ricos e, sim, mais humanos. Foi como num filme que assisti, o presente me deixa mais viva, me traz mais surpresas, tanto pode ser infinito como pode acabar amanhã... 

Ok, aquela sensação de "anjos bêbados", aqueles que se embriagam com o que já tiveram ou com o que nunca terão é poderosa, mas triste. Além do mais,  viver entre o concreto e a cerca elétrica tem lá suas vantagens...

Enquanto nada desaparece, encontro o melhor remédio nas minhas flores e nos meus discos, outra forma de embriaguez, mas desta vez sólida e nada perigosa. Com a corrente no pescoço ou não, a verdade é que estudar as palavras que saem de uma canção é a melhor terapia para tempos "abençoados" como esses...

2 comentários:

  1. na medida que lia, me lembrava de uma poesia (muito verdadeira) de Castro Alves, datada em 10 de abril de 1871, intitulada como "Versos Para Música".


    "INGRATA! E fazes milagres...
    E não crês em ti sequer.
    Vê, teu riso quebra as lousas,
    Eu sou Lázaro, mulher.

    Tu me perguntas, formosa,
    Se a alma tem outra flor...
    Se revive murcha a rosa...
    Se renasce morto o amor...

    Ingrata! pois tu duvidas?
    Do influxo do teu poder!...
    Minh'alma é planta aquecida
    Nos teus sorrisos, mulher.

    Ingrata! Tu que dás vida
    Não vês sequer teu poder!...
    Olha-me!... Eu vivo, querida!...
    Eu sou Lázaro, mulher!

    Eu era a triste crisálida,
    Tu foste a luz do arrebol!...
    Minh'alma desperta válida
    Aos raios da luz do sol!...

    Ingrata! Inda assim duvidas
    Do influxo de teu poder...
    Vês, minh'alma? É borboleta
    Que tu salvaste, mulher.

    Ingrata! E fazes prodígios
    E não crês em ti sequer!...
    Minha alma é lousa florida
    Aos teus afagos, mulher!"

    ResponderExcluir