terça-feira, 26 de outubro de 2010

In my room

Sabe aqueles dias em que ficar deitado rezando para um nada é o melhor a fazer do que sequer tentar ver o que acontece pela janela? Ou tudo o que acontece dentro de você mesmo é só fruto de uma vontade insuportável de ser insignificante para a sua própria consciência, se é que ela existe?

É exatamente aquela vontade que se tem de entrar dentro daqueles globos de vidro e ser um daqueles bonecos de neve estúpidos olhando para a mesma direção em cima de uma estante.

O melhor a fazer é tentar rir olhando para trás com a nostalgia de quem abre uma caixa e acha um LP dos Beach Boys escondido entre fotos antigas. E começar a ouvir In My Room.


sábado, 23 de outubro de 2010

Reality


Mergulhada em versos de John Keats e rendas de Fanny Brawne...

E ainda existe uma parede entre o que eu desejo ter e o que chamo de realidade.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Over & Over

Vontade de fechar o mundo entre as mãos e apertá-las até que toda a humanidade saia entre meus dedos;
Vontade de não sentir nada e estar perto para não ver;
Vontade de não ser;

Vontade de estar longe;

Vontade de não estar lá
Vontade não saber por quê

Vontade de provar o tempo, deitar, parar, parar, voltar

De novo e de novo

domingo, 3 de outubro de 2010

1961


Foi exatamente esta conversa que ouvi enquanto esperava ser chamada no consultório médico :

"No momento que eu senti que tudo aparecia em frente aos meus olhos poderia se tornar pó entre as lembraças tardias, eu me prendi ao que nós chamamos de sensações da alma. Percebi que viver de momentos breves pode também fazer de mim uma pessoa breve, mas ao mesmo tempo infinita, daquelas que não conseguem a disciplina necessária para se tornar sãs. Peguei uma tesoura que estava dentro da gaveta e, naquele exato momento, cortei as alças de meu vestido azul só para sentir o frio de minha tristeza sobre minha pele. Passei batom vermelho, rasguei fotos antigas e me prendi no desespero de uma Monica Vitti. Todo o perigo que me cerca é resultado de minha negligência cega, insípida e cortante e tudo que acontece e me atinge, de uma forma ou de outra, é causado pela minha estranha "felicidade", que insisto em chamar de mórbida. "

E aquela sinceridade pulsava em mim como uma série de instantâneos tirados ao meio-dia...