domingo, 3 de outubro de 2010

1961


Foi exatamente esta conversa que ouvi enquanto esperava ser chamada no consultório médico :

"No momento que eu senti que tudo aparecia em frente aos meus olhos poderia se tornar pó entre as lembraças tardias, eu me prendi ao que nós chamamos de sensações da alma. Percebi que viver de momentos breves pode também fazer de mim uma pessoa breve, mas ao mesmo tempo infinita, daquelas que não conseguem a disciplina necessária para se tornar sãs. Peguei uma tesoura que estava dentro da gaveta e, naquele exato momento, cortei as alças de meu vestido azul só para sentir o frio de minha tristeza sobre minha pele. Passei batom vermelho, rasguei fotos antigas e me prendi no desespero de uma Monica Vitti. Todo o perigo que me cerca é resultado de minha negligência cega, insípida e cortante e tudo que acontece e me atinge, de uma forma ou de outra, é causado pela minha estranha "felicidade", que insisto em chamar de mórbida. "

E aquela sinceridade pulsava em mim como uma série de instantâneos tirados ao meio-dia...

2 comentários:

  1. Bela postagem, como várias outras que li/vi aqui, particularmente as sobre cinema. Uma delícia encontrar tanta gente do velho e bom cinema francês.

    Desculpe a maldade que fiz com a Mia. Não resisti...

    Beijos

    ResponderExcluir
  2. hahaha!
    Muitíssimo obrigada! Fico muito feliz! Mesmo! *-*

    ResponderExcluir