segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Suze, the muse


Bob Dylan conta a primeira vez que viu Suze Rotolo:

“Right from the start I couldn’t take my eyes off her. She was the most erotic thing I’d ever seen. She was fair skinned and golden haired, full-blooded Italian. The air was suddenly filled with banana leaves. We started talking and my head started to spin. Cupid’s arrow had whistled past my ears before, but this time it hit me in the heart and the weight of it dragged me overboard.”
(Crônicas, Volume I)

Sempre achei Suze a melhor namorada do Bob. É verdade que ele foi um canalha com ela - trocou-a pela Joan Baez, que depois também seria trocada pela Sara Lownds, futura Mrs. Dylan - mas ele a amava muito e até antes de morrer, tudo que eles passaram juntos sempre foi uma presença paralela à existência de Suze, não importando, de acordo com ela ,"com quem ou onde estivesse ou que quer que fizesse."

domingo, 27 de fevereiro de 2011

The Other Side of Bob Dylan


Saber da morte de Suze Rotolo nessa última quinta-feira me tirou a única lembrança que pude ter de alguém que eu tinha certeza de que sua existência por aqui não foi em vão, um ser que há tempos eu admirava e via como um modelo de mulher que eu procurava seguir sempre que podia. A garota de rosto solar andando sobre a neve junto a Bob Dylan na antológica capa de The Freewheelin' Bob Dylan foi objeto da mais belas canções de amor a sair da caneta de Zimmerman: Don't Think Twice It's All Right, Tomorrow is a Long Time, To Ramona (minha favorita) e Boots Of Spanish Leather, só para citar algumas.

Suze era oriunda de uma família de ítalo-americanos de esquerda e vivia com a mãe Mary e a irmã Carla depois que seu pai morreu quando ela tinha catorze anos. Quando Bob a conheceu no verão de 1961, Suze trabalhava para o CORE (Congresso para a Igualdade Racial, na sigla em inglês), levava-o para reuniões na organização e falava-o a respeito do movimento pelos direitos civis que, naquele momento, ganhava cada vez mais adeptos pelos Estados Unidos. Dessa forma, Suze teve um papel fundamental no despertar político de Dylan que, até aquele momento, era apolítico e só tocava antigas canções folk tradicionais.

Suze tinha apenas dezessete anos quando começou a namorar Bob e a família dela não ficou nada feliz quando eles se mudaram para um minúsculo apartamento em Nova York, em janeiro de 1962. Apesar do desprezo da família Rotolo, Bob e Suze se adoravam. Ela o chamava de "Pig" e"Raz" (um apelido com as iniciais do nome dele), enquanto ele lhe escrevia longos poemas e até falava em casamento.

No verão de 1962, em parte numa tentativa de afastar a filha de Bob, Mary manda Suze para a Itália para estudar na Universidade de Perugia, deixando Dylan desolado e sofrendo de dor e ciúmes - ela havia conhecido o italiano Enzo Bartoccioli, que mais tarde seria seu marido. É dessa época que datam Don't Think Twice, It's All Right e Tomorrow is a Long Time.

Suze retornaria no ano seguinte e, poucas semanas depois, estava caminhando com Bob pela Jones Street para as fotos de The Freewheelin' Bob Dylan. Em sua autobiografia, ela diz:

"We walked the lenght of Jones Street facing West Fourth with Bleecker Street at our backs. In some outtakes it's obvious that we were freezing; certainly Bob was, in that thin jacket. But image was all. As for me, I was never asked to sign a release or paid anything. It never dawned on me to ask."

A crescente fama de Dylan estava prejudicando o relacionamento dos dois. Suze já não aguentava a pressão, as mentiras e as fofocas e se sentia perdida. Quando ouviu os rumores de que a relação entre Bob e Joan Baez havia se tornado mais que profissional, ela se mudou para o apartamento da irmã. Suze engravidou e teve um aborto, deteriorando ainda mais o relacionamento. Após uma terrível briga que também envolveu Carla, Suze separou-se de Dylan em março de 1964. A discussão está em todos os detalhes na infame canção Ballad in Plain D, lançada em Another Side Of Bob Dylan (1964). Mais tarde, ele pediu desculpas a Carla e Suze e admitiu que foi um erro gravá-la.

Suze viveu em Nova York a vida inteira, onde trabalhou como professora e pintora. Ela aparece no documentário de Martin Scorsese sobre Bob Dylan, No Direction Home (2005) e escreveu A Freewheelin' Time, um livro sobre sua trajetória nos anos 60 e, claro, os detalhes de seu relacionamento com Bob.

"I once loved a girl, her skin it was bronze,
With the innocence of a lamb, she was gentle like a fawn"
(Ballad in Plain D)

My Old Man



Canta pra mim, Joni. Canta pra mim e pro Graham Nash.

"He's my sunshine in the morning
He's my fireworks at the end of the day
He's the warmest chord I ever heard
Play that warm chord, play and stay baby"

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Todo o meu futuro




















Axis: Bold As Love, Wheels of Fire, Blue, The Freewheelin' Bob Dylan, Sweet Baby James, Pet Sounds, Blonde On Blonde, Get Yer Ya-Ya's Out!, Crosby Stills & Nash, Tommy...

Imaginei minha felicidade e meu desespero na hora que tive que dizer em voz alta todos os álbuns que aparecem na minha cena favorita de Quase Famosos numa conversa com amigos no meio de um shopping, ao meio-dia de um sábado sufocante .

Talvez porque esse filme seja todo o meu falso passado ou o que imagino que irá me atingir quando eu nem perceber que vivo - ou existo.

Na hora, esqueci-me de mencionar o Led Zeppelin II e o Big Hits (High Tide and Green Grass), uma coletânea dos Rolling Stones. Surtei quando cheguei em casa (?)

E eu juro que vi um Led Zeppelin I atrás do Blue...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Um cobertor e um copo d'água

"In the winter, we shall travel in a little pink railway carriage
With blue cushions.
We shall be comfortable. A nest of mad kisses lies in wait
In each soft corner.

You will close your eyes, so as not to see, through the glass,
The evening shadows pulling faces.
Those snarling monsters, a population
Of black devils and black wolves.

Then you’ll feel your cheek scratched…
A little kiss, like a crazy spider,
Will run round your neck…

And you’ll say to me : “Find it !” bending your head
And we’ll take a long time to find that creature
Which travels a lot..."

Arthur Rimbaud, A Dream For Winter

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Glimmer Twins


E esses cabelos? E essas blusas pretas?

E esses pescoços tão brancos?

Sinto cheiro de sabonete fresco, talco e perfume em pele bem lavada de inglês distraído...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

D.A.R.L.I.N.G


Com a cara de quem acabou de ver tudo passar na superfície da pálpebra esquerda, uma borboleta úmida sobre os papeis velhos, uma caneta preta que estourou no lençol branco, os lábios pretos e amargos em danças sagradas.

Ouvir Beach House mostra a vida já construída em imagens tremidas de câmera Super 8, os rostos embaçados em quatro minutos, os pensamentos envolvidos em fumaça de tabaco, vestidinhos de flores amarelas, ideias já feitas, ver as nuvens pela primeira vez e prová-las com a ponta da língua.

In that harbor of a room

you'll find your anchor soon
in the parting of our ways
may it never happen

anyway


Q.U.E.R.I.D.A, que isso nunca aconteça, ouça o som de pianinhos tristes, sopre pedacinhos de papeis coloridos na cara do perigo, pois ninguém sabe quando os estranhos retornam. Dias difíceis não acontecem somente em manhãs frias de domingo.

Admire cinco quadros tristes e mande meus cumprimentos para Broad Street.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Alma branca, alma de ferro



Eu prometi a mim mesma que não ia mais chorar. Eu prometi a mim mesma que ia parar de quebrar as promessas e as regras, fazer todo mundo de bobo, empurrar o tempo com as memórias, encher o mundo de expectativas.

Eu prometi a mesma que seria grande, filha da mãe natureza, fazer o que bem entendesse no meio da estrada, ver o universo através de óculos de cebola.

Só que eu não me lembrava disso. Não lembrava.

Foi aí que eles me chegaram bem na frente dos olhos. Libertei um desejo latente de me revisar através dessas canções, todas finalmente saídas de minha inércia fria de pequenez escondida na superfície.

Eu ouvi a voz do John, o piano do Paul, George, While My Guitar Gently Weeps, Ringo, Don't Pass Me By, a gaita, Rocky Racoon, Good Night, JohnPaulGeorgeRingo, uma palavra só, uma imagem, um som, uma nota, dois álbuns, UM álbum.

Meu Deus, lá estavam Sexy Sadie num violão, Blackbird tão triste, o espírito dos porquinhos, one, two, three, four, I will, I'm So Tired e a bateria num lado do ouvido, cigarros na mão direita, George e sua blusa preta, amarela, listrada: "I'll just be singing to guide you."

Julia e Mary Jane. Bebopalula.


"Okay, Robert, reach for this one! Were any of them any good?"

Foram sim, John. E eu não precisei dar tudo que tinha por um pouco de paz.

Uma Les Paul


E um Clapton, AGORA!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Canto de cisne


Vi grandes e pequenas obsessões tornarem-se realidade. Senti o gosto do sangue que rasga a pele e o bater forte das asas finas de penas negras. Vi o frio misturar-se ao quente, o desespero encontrar a dor e os desejos incontroláveis da perfeição chegarem ao encontro do medo.

Presenciei o crescimento e a transformação de uma personalidade, para enfim cair no chão olhando o vermelho entre as unhas. Senti o pânico tomar presença, o som forte que ecoa fora da realidade. Sonhos não existem, o que há entre os atos é febre fria que percorre a medula, os olhos vermelhos que brilham no meio do espelho partido, a identidade que se mistura às ilusões.

E tudo girava. Girava. Girava. Onde eu estava? Gire, gire, gire!

Senti sobre a língua o gosto venenoso das imagens passadas entre sonhos que ainda não foram sonhados, entre fendas escuras do que eu nem mais conhecia. Eu via lapsos de ideias junto aos fragmentos dos pés que já sangravam na seda cor-de-rosa, os gritos mudos na delicadeza de uma princesinha.

Eu vi alguém roubar a própria voz, os únicos movimentos, a própria alma. Vi o preto misturar-se ao branco, o olhar cansado à ação pura, movimentada, perfeita, natural e fingida, todos eles juntos em imagens desesperadas e perturbadoras.

Vi o Diabo ser preso para depois ser solto, mãos em desequilíbrio com o ar rarefeito, flores partidas, pernas quebradas, um salto para a eternidade.

E no final disso tudo? She was perfect.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Coisa mais linda



"I think the Rolling Stones said we got five years"

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Educação?

"Ela se critica e então se sente lisonjeada.
Você imita o melhor e o resto, só memoriza.
Os momentos em que ela mais impressiona
Sao exatamente aqueles em que ela nem tenta.
Mas ela vai sempre tentar." (1972)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Morem comigo


Alinhar à esquerda"You got my heart you got my soul
You got the silver you got the gold
You got the diamonds from the mine
Well that's all right, it'll buy some time"

...

Mick e Keith, há dois lugares sobrando no meu quarto.
Só digo isso, o resto vocês já sabem...