segunda-feira, 31 de maio de 2010

Bem longe


E sabe o que me aconteceu enquanto ouvia A Hard Rain's a-Gonna Fall ?

Uma chuva para me lavar a alma em plena madrugada!

Valeu aí, Robert Allen Zimmerman! (?)

Meet On The Ledge (1969)


"We used to say
That come the day
We'd all be making songs
Or finding better words
These ideas never lasted long"

Richard Thompson como o poeta do efêmero.

Ian Matthews e Sandy Denny:
o duo de vozes que é um só.


domingo, 30 de maio de 2010

A Freewheelin' Time


No West Village, em Nova York, um casal atravessa certa rua num dia qualquer de 1963. Ele com um casaco pesado e as mãos no bolso, com ar de James Dean, no auge de seus vinte e poucos anos. Ela, uma menina de dezoito, segura-se nos braços do namorado para, no meio de todo aquele frio, deixar escapar um sorriso quente. Eles parecem confiantes, livres. Duas almas contra a maré.

Bob Dylan e Suze Rotolo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Valência, 1952

Foi num domingo.

Eu sabia que era um dia comum porque eu acordei me sentindo a mesma pessoa que era no dia anterior. Minha avó sempre me dizia que a gente só crescia e via o tempo passar entre nós se acordássemos com aquela sensação agradável da mudança em nosso corpo.

Eu não sentia nada.

A casa estava silenciosa. Estranho para uma manhã de Natal. Eu podia ouvir os cães latindo ao longe e o som da flauta doce do carpinteiro que morava ao lado. Meu sangue corria frio dentro das veias finas dos pés. Eu juntava minhas partes esquecidas, perdida nos traços invisíveis de minha personalidade triste quando ouvi um barulho vindo da cozinha.
Escondi-me atrás da mesa de jantar. Fiquei com medo. Olhei a cena pelo cantinho do olho.

Mamãe cozinhava algo no fogão. Eu podia sentir o cheiro de canela misturado ao aroma doce de maçã. De repente, alguém puxou seu cabelo bem devagar. Tocou-lhe mãos. Era papai.
Começaram a dançar. Mamãe ria, papai levantava as mãos. Balaçavam-se ao som que vinha do silêncio, sentiam o que estava no ar. Os risinhos abafados confundiam-se com os movimentos de seus corpos, com o calor do instante, com a cumplicidade dos dois.

A alegria transbordava a olhos vistos.

Eu não ousei interromper aquele momento. Presenciava o amor em sua manifestação mais bela e pulsante. Meus dedos dos pés correram pelo chão e, de repente, eu dançava também. Logo eu, aquela que não sentia nada.

Meus pais não me viram. Saí devagar, ouvindo a música imaginária, com a felicidade logo atrás de mim.

Fui dormir. Senti meus cabelos doces como maçã e canela.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sheryl Crow


Com um som que lança os ecos de um segredo bem guardado e uma atitude que deixa transpirar seu amor pela música, Sheryl Crow consegue transpor para seu trabalho o espírito de quem canta com os sentidos. As influências que permeiam sua obra - o rock, o folk, o pop, o jazz, o blues - correm fortes através de canções que expressam as dores dos relacionamentos amorosos, a solidão, a felicidade e a insatisfação diante do que acontece no mundo. Suas composições são fortes e cheias de humor de quem viveu e tem muito a contar. Crônicas genuínas da vida do ser humano.
Sua estreia se deu com o fabuloso Tuesday Night Music Club em 1993, um retrato fiel da geração anos 90. Os singles iniciais (Run, Baby, Run e Leaving Las Vegas) não tiveram muito destaque nas paradas, mas foi com o hit All I Wanna Do que as vendas do disco decolaram. O sucesso foi instantâneo e Sheryl ganhou três prêmios Grammy.
Depois de toda a popularidade alcançada, muitos críticos acreditavam que Sheryl não passaria de um hit. Felizmente, eles estavam errados. Os trabalhos de estúdio que se seguiram - Sheryl Crow (1996), The Globe Sessions (1998), C'mon C'mon (2002), Wildflower (2005) e Detours (2009) - só serviram para mostrar sua forte espontaneidade criativa.
Podemos ouvir Sheryl Crow ao nos depararmos com Shawn Colvin e Heather Nova. Stevie Nicks é uma influência marcante (Sheryl é devota confessa do trabalho da vocalista do Fleetwood Mac), tendo inclusive participado da gravação do álbum C'mon C'mon e lançado um single com Crow (If You Ever Did Believe). Sheryl possui aquele tipo de canção que se pode levar para casa e saber que, muitas vezes, o que está sendo contado ali é a sua história, a história de quem ouve. Seja protestando contra a Guerra do Iraque ou relatando como conheceu um cara engraçado num bar da esquina, Sheryl Crow mostra que a música tem vida. Nem que ela seja feita só para se divertir.

Abaixo, My Favorite Mistake, um dos melhores singles lançados por Crow. É do premiado álbum The Globe Sessions, de 1998 (juro que ainda vou resenhar todos eles!):




Comentário besta: não canso de ver esse clipe. Lindo.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Entre dois pulmões


Nada melhor contra a insônia que Florence + The Machine...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

Eu me perdi


tentando alcançar o Sol. Eu estava há tanto tempo sentada que nem percebi a dor dos anos que se passaram. Foi aí que eu decidi parar de perseguir aquelas coisinhas que só fazem nossos pés afundarem na areia - o sentimento de pequenez, o grito surdo dos que choram, o vazio deixado pela escuridão quando passa pela nossa casa. Decidi ignorar o vácuo que minha alma insiste em me dar toda vez que tenta calar minha voz.
Decidi pintar minhas unhas roídas, tirar meus dentes presos em minhas mãos egoístas e assumir meu medo diante dos fatos do mundo. Percebi que não sou uma Scarlett O'Hara, mas que posso ser tanto uma Sylvia Plath com suas fraquezas e o amor pela palavra quanto uma Virginia Woolf dentro de um rio com pedras no bolso.

Eu posso ser Maria Antonieta quando come bolinhos de glacê.
Posso ser o riso de Joni Mitchell quando canta Big Yellow Taxi.

Posso ser as estradas que não me amam.

Conheço muito bem o que me faz ficar de pé toda manhã.
E o engraçado é que, no fim, a gente ainda consegue ser feliz mesmo assim.

Happy Sad