segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Like the color when the spring is born


Como vou começar?

Tá. Foi em 2007, se não me engano. Abri um livro qualquer numa livraria quando me deparei com uma foto quase azul, queimando em amarelo, uma moça linda com um cigarro na mão, brincos, um colar, batom vermelho... Tudo que eu pensava quando insistia em olhar para a foto era pedir: "Não, Joni, por favor, não me olhe assim. Não me olhe assim".

Sim, ela não olha diretamente para o fotógrafo, muito menos para você, mas e daí? Naqueles meus dias de azul índigo, on a lonely road and traveling, traveling, traveling e com canções que me marcavam como tatuagens, essa foto da Joni Mitchell me falava mais alto que qualquer palavra de pesar/amor/desamor dita pela minha mais justa consciência. Pode parecer muito estranho, mas a Joni me machucava naquela época, apontando o dedo pra mim, foi só um alarme falso. Era uma dor "confortante", só para esclarecer. Eu estava começando a ver que tudo podia ser doce, mas também muito amargo.

O que contribuiu mais para o meu "pedido de súplica", foi o fato de, no livro, a foto ter sido conectada ao álbum Blue (1971), tão constante no meu som quanto a minha preocupação em tirar boas notas na escola. Pelo cabelo da Joni (?) e sua aparência, é óbvio que a foto não data do começo da década, mas do período 1974-1976, época de seu boom na indústria musical com o fabuloso Court and Spark - dá até para ouvir sua "nova" voz característica desse álbum, agora rouca e um pouco grave, mas ainda belíssima, no momento em que você olha para a foto.

Contudo, essa imagem - talvez por causa do livro - vai me ficar para sempre marcada como a foto do Blue, a foto do cigarro e do vinho de "The Last Time I Saw Richard", as rosas carmim, a voz da minha canção de ninar envolvida em névoa, cafés escuros, andarilha da chuva. E quando olho pra imagem, não imagino a Joni cantando "Raised On Robbery" ou "Free Man In Paris", mas as palavras alegres  tristes de "All I Want" para uma plateia ainda em estado de êxtase por ver aquele anjo dourado e de lábios vermelhos com um cigarro na mão cantar (ok, ela não está  tocando seu saltério dos apalaches na foto, mas whatever). 

E, no momento em que ela professa com seu piano, bem no finalzinho do show, "only a phase/these dark cafe days" e olhar para todo mundoqualquer um vai saber o que ecoa na mente da pessoa ao seu lado: "Não Joni, por favor, não me olhe assim. Não me olhe assim".

Contudo, eu olho, todos nós olhamos para ela.

Olhamos para aquela foto, para aquele sorriso. 

Olhamos para aqueles olhos. 

E, acima de tudo, olhamos para aquela música que sai deles.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Blessed


Esses tempos de ficar em casa, olhando para os livros e tentando enxergar os meus desejos só me fazem sentir mais presente e materializada dentro das minhas próprias dúvidas. Às vezes acho que pareço imóvel diante de lembranças que ainda me atormentam num tempo passado, mas não é assim que devemos nos sentir quando o que passou ainda insiste em batalhar contra nós?

Não sei, é tudo tão bom para ser esquecido, mas lidar com a perda nos torna mais fortes, mais ricos e, sim, mais humanos. Foi como num filme que assisti, o presente me deixa mais viva, me traz mais surpresas, tanto pode ser infinito como pode acabar amanhã... 

Ok, aquela sensação de "anjos bêbados", aqueles que se embriagam com o que já tiveram ou com o que nunca terão é poderosa, mas triste. Além do mais,  viver entre o concreto e a cerca elétrica tem lá suas vantagens...

Enquanto nada desaparece, encontro o melhor remédio nas minhas flores e nos meus discos, outra forma de embriaguez, mas desta vez sólida e nada perigosa. Com a corrente no pescoço ou não, a verdade é que estudar as palavras que saem de uma canção é a melhor terapia para tempos "abençoados" como esses...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O amor

me pôs no caminho da vida


Sylvia Plath