sábado, 26 de março de 2011

Fim de tarde


Encontrei uma borboleta no meu quarto enquanto dormia sozinha numa tarde triste de quinta-feira. Andei até a cozinha e encontrei outra lá no alto, perto da janela do banheiro e num lugar da casa que até então nem tive o trabalho de olhar. Peguei uma delas entre os dedos, as asas tão frágeis que, por instantes, pensei que fossem se dissolver em minhas mãos. Coloquei-a na porta do meu armário, na ponta do meu travesseiro, nas páginas dos meus livros favoritos. Três dias depois, descobri que ela continuava na minha prateleira, mas quando a segurei, o pó escuro da morte inevitável sujou minhas unhas.

Ela ainda está lá. Aquela mancha preta formando um olho na asa esquerda me observando como um jogo de regras falsas, uma disputa para saber quem consegue disfarçar o olhar frio que insiste em aparecer nos dias quentes. Pelo menos, eu sou a melhor fingidora.

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