quarta-feira, 27 de abril de 2011

Colheita


E nem olhava para a cara de quem a segurava. Dormia num quarto separado, quando na verdade eram eles eram mais que um;

Escondida na concha vazia, já ouvia aquelas palavras agora pronunciadas sem uma cor que as definisse, frases que juntassem os sentidos em lapsos de segundos trancados em seis lugares invisíveis;

O pescoço quente e frio, o chocolate engolido à força em colheres presentes a cada cinco minutos, o corpo inerte em peso morto de aurora;

e eu tateava o teto, soltava as mãos, ouvia o silêncio preenchido com palavras absurdas deitadas em cansaço e decepção. Quem ali conhecia a verdade? Quem ali sabia o que estava fingindo?

Peça para eles pularem mais alto, viverem mais décadas, pararem de se importar.

Beijei a cova com a cabeça dentro d'água. E tudo ainda continua a esquentar.

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