domingo, 19 de fevereiro de 2012

A Resposta (II)

"But the smell of the world came into my lungs
The sound of the gravel when my legs went numb
And my heart nearly burst right out of my chest
And it felt so good to know I wasn't dead"
(Kathleen Edwards)

Engraçado como qualquer pessoa pode encontrar o que falta dentro ou fora de si na letra de uma música. É aquela sensação de ver a si mesmo exposto em sons de baixos, baterias,vozes nítidas, em palavras em francês, alemão, inglês, português, violão alegre, violão triste, letras de homens e mulheres que você provavelmente nunca vai conhecer. E tudo isso leva o ouvinte a perguntar como aquela canção foi feita, o que levou o compositor a escrevê-la. "Ora, mas esse aí sou eu!"


É quando uma música de 2 minutos vira uma de 23, toda a melodia vira uma só palavra e, às vezes você se pergunta se somos todos iguais por sentirmos as mesmas coisas quando estamos apaixonados, com raiva ou simplesmente deslumbrados - porque a identificação com uma música ocorre quando você menos espera. Experimente ouvir seu disco favorito ou até aquele que você às vezes ouve no carro ou só escuta uma ou duas faixas. Melhor que escutá-lo com fones de ouvido, é sentar-se bem próximo ao aparelho (para quem ainda cultiva este hábito) e tentar prestar atenção às letras, vale até colar. Acredite, é uma ação surpreendente (Fiz isso com Another Side of Bob Dylan há alguns meses - para nunca mais largar o disco).

O ato de escutar fica ainda melhor se você tem a capa do álbum nas mãos. Ok, nessa era de downloads, iTunes e Lastfm ninguém tem mais a coragem de dar 30 reais num disco. Mas parece que o ouvir fica mais físico, vivo e música chega a você mais diretamente só em segurar a imagem que a contém. Escutar o Blue (1971) da Joni Mitchell dá uma ideia da dimensão desse ato: o azul da capa transborda nas mãos, a sua tristeza queima nas letras impressas:

"Blue, songs are like tattoos
You know I've been to sea before
Crown and anchor me
Or let me sail away
Hey Blue, here is a song for you
Ink on a pin
Underneath the skin
An empty space to fill in"
A nossa resposta pode chegar em forma de versos, canções como tatuagens, mensagens simples, cifradas ou pretensiosas, escritas atrás de um mapa do Canadá, em papeizinhos vagabundos, agendas compradas na Quinta Avenida ou simplesmente feitas com um violão ou um piano no meio de uma sala em cinco minutos. E, de repente, você se torna a música que ouve.

Um comentário:

  1. aaaaaaah você escrevendo assim, suas ideias do jeito que você pensa, me gusta, haha.

    "E, de repente, você se torna a música que ouve."

    BRUNA, você nasceu para isso.

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