quinta-feira, 21 de abril de 2011

Quarta-feira, quatro da manhã





Numa fila antes de amanhecer com os Pretenders, uma garrafa d'água e um livro do Julio Cortázar.

Posso repetir?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tá decidido


Talvez eu vá pra Amsterdã
Talvez eu vá pra Roma
Daí eu vou alugar um piano enorme
E colocar flores em todo o meu quarto

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nada


Parece que tudo correu tão bem hoje. Choveu demais, sujei os pés na lama, não pensei no futuro. Tirei o peso das costas, vi as ruínas na água suja das calçadas, assisti a partes de O Poderoso Chefão Parte II e cheguei atrasada na aula da tarde porque só sairia de casa quando o Robert De Niro aparecesse - o que levou mais de quarenta minutos.

Passei o dia de cabelo preso num coque alto, as bochechas cheias de blush cor-de-rosa. Comi quatro barrinhas de chocolate no trabalho, cheguei mais cedo só para conversar sobre o Frank Sinatra e o Martin Scorsese com um amigo enquanto comia Fandangos de queijo. Tirei uma foto com orelhas de coelho branco desejando comer o quinto chocolate do dia.

Antes de tudo isso, acordei às cinco da manhã pensando no William Faulkner e em qual música eu iria ouvir naquela hora. Quando voltei para casa, dormi achando que só assim a chuva não pararia até que eu conseguisse levantar novamente. Antes de sair para a aula, comi pizza de canela com banana frita como almoço morrendo de inveja da Diane Keaton por ela ter tido um filho com o Al Pacino e eu não - o que o ciúme não faz, né?

Adorei usar meu guarda-chuva amarelo durante todo o dia, minha blusa branca favorita cheirando a alvejante fresco às duas da tarde. Saindo da aula, pensei no quanto eu mereceria uma viagem para a Europa só para tentar ver o Louvre inteiro em seis horas - e, claro, correr pelos corredores de mãos dadas com dois estranhos.

O que desejo agora é ouvir o Neil Young cantar country rock. Era só disso que eu precisava quando acordei essa manhã!

Mea Culpa


Desculpa se não olhei para a cara das pessoas no sábado passado.

Eu estava bêbada, fumando e pensando em como o Al Pacino tava lindo em O Poderoso Chefão (e em praticamente todos os filmes que ele fez na década de 70).

domingo, 17 de abril de 2011

Cor: azul


Tive um sonho tão bobo nessa última tarde. Não, na verdade foram sonhos dentro de sonhos, uma massa amorfa que ainda está presa no meu inconsciente confuso. Enfim, num desses sonhos minha mãe entra no meu quarto, me acorda e diz que a Joni Mitchell está na sala, quer pintar um quadro e falar comigo. Comecei a chorar e a tremer, pus as mãos no rosto e senti o cheiro do shampoo nos meus cabelos lavados na noite anterior.

Levantei e comecei a escolher qual disco dela eu levaria para ser autografado. (Por incrível que pareça, no sonho eu tinha todos, quando, na realidade, o único disco original que eu tenho é o Hejira.) Escolhi o Clouds, The Hissing Of Summer Lawns e o Shine. Esse último eu nem sabia que tinha, encontrei debaixo de um disco do Neil Young (?).

Eu me lembro até das perguntas que eu faria: "Pra quem você escreveu Woman Of Heart and Mind? My Old Man era pro Graham Nash? E Raised On Robbery? Adorei o fato dessa música ter sido escolhida como single!"

Corri para o corredor, mas minha mãe disse que ela já tinha ido embora. Demorei demais pensando no que poderia acontecer. Tudo que me lembro era da jaqueta jeans azul clara que a Joni estaria usando, da franja em sua testa e do seu batom vermelho. As únicas coisas que me ficaram foram o cheiro de cigarro sobre o sofá e a xícara de café vazia com dois pincéis sujos de tinta azul.

Banquet (1973), de Joni Mitchell

Depois disso, chegaram sonhos atrás de sonhos, eu chorava, ria, sentia calor e frio, começava e terminava, vivia e morria, acordava para depois dormir de novo. Num deles, fui à biblioteca do meu antigo colégio, aluguei uma biografia gasta da Clarice Lispector, quatro livros velhos sobre a Sylvia Plath e ainda tentei levar um CD do Crosby & Nash que eu nunca tinha visto (não, ele não existe!), mas não consegui.

Nem sei, mas acho que esses sonhos vieram para me falar da natureza das minhas escolhas, dos sentimentos loucos que tomam conta de mim quando me atrevo a guardar meus medos e problemas no lugar de tirá-los do meu caminho, de continuar o que havia parado, de correr riscos, de cair cega, surda e muda. Eu ampliei minha sensibilidade.

sábado, 16 de abril de 2011

Fé cega


“I excluded this enemy from all the others. It was my first love. I couldn’t see any difference at all now between his body and mine. All I could see was an extraordinary similarity between his body and mine. His body had become mine. I was no longer capable of distinguishing it. I had become the living denial of reason. And how I would have swept aside all the good reasons they might have given as arguments against my lack of reason. Swept them aside like so many houses made of cards. Yes, like so many imaginary reasons. And may those who have known what it means to lose control of themselves throw the first stone at me. My only allegiance was to love itself.”

Anotações de Marguerite Duras no roteiro de "Hiroshima Meu Amor", de Alain Resnais (1959)

Ménage à trois


Clark Gable, Joan Crawford e eu