Mulher de olhar triste das terras baixas
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
sábado, 3 de dezembro de 2011
in the sun
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
domingo, 27 de novembro de 2011
Atrás do espelho
Ligo a TV no Max Prime e a primeira cena que vejo de Bright Star:
Ouvi os suspiros entre lençóis engomados, os pés juntos ao frio...
Se isso é amor, como dizem, então nenhum de nós deve fazer graça dele.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Oui, Je dis adieu
Eu decidi plantar lilases e tulipas amarelas porque eu acredito
eu acredito nos sinais que me chamam, nos ruídos da concha vazia que levo ao ouvido;
eu acredito em palavras boas, na colisão das tentativas contra os resultados inesperados;
Eu já quero o nada: que cada dia e cada hora passem sobre minhas pálpebras,
antítese de minhas coragens e fraquezas
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Presente
E olha o que recebo de uma aluna numa segunda-feira:
E ela me escreve
"B, olha aí sua filha! :D"
Nada me deixou mais feliz nesse momento. Até a poeira, a água que evaporava no meus ombros ou o gosto amargo de batom vermelho que saía dos lábios ansiosos pareceram minúsculos, decepções tardias e de repente enterradas.
Vou colocar esses óculos escuros e dormir
ainda de batom
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
O que fica
Vou procurar escrever o que não sei para escapar do instante insano. São as longas horas entre as unhas, marcas de nascença que desaparecem na poeira, tato regado a perfume e creme de algodão, cascas de maçã, santos quebrados. Pensar que tudo foi experiência, ilusões perdidas, aroma de baunilha, tinta preta, sorrisos num abraço partido.
Eu me embriago com o som do lado escuro da lua, correntes de margaridas mortas no chão vermelho. E tudo para me trancar e jogar a chave fora.
Mas eu não digo adeus ao que me prende. Eu não digo adeus ao que me deixa fugir.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Melhor
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Here
Onde eu reconheço os sinais
vejo sal de água do mar, areia de vasos de planta, poeira de estrelas mortas
calor de sensações distraídas
eu só queria um minuto, dois segundos
um dia inteiro
Viver sob o ar, rasgar as roupas e jogá-las pela janela, andar vinte mil estradas
e eu te espero nas pontas dos meus dedos, andarilho da chuva
e nos sons de nove palavras
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
...E o que nós chamamos de ideias
é como se a gente andasse com os pés na água
mas não pudesse ver o rosto dela
é como se o furacão derrubasse uma árvore, arrancasse a terra, engolisse o sol, sentisse os sorrisos e ainda parasse para observá-los
é como se um coração explodisse
e todo mundo corresse para alcançar as veias caídas
é como se eu risse através da dor das páginas amareladas - ânsias de calor azul-escuro
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Vinho sagrado
domingo, 9 de outubro de 2011
Last, but not least
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Release me
Uma vez me perguntei o que fizeram com meus desenhos feitos
e pintados
na infância.
Expectativas mortas?
Tintas borradas em rastros deixados por ladrões que me levaram areia da praia?
é o caos cansado de guerra
sábado, 24 de setembro de 2011
Toes
Como ser tão constante como uma estrela do Norte?
Ou se manter viva sobre o fio transparente que se desdobra duas vezes sobre a indiferença?
é comum ainda estar de pé? Estar bem na frente, atrás do mundo, à esquerda do indesejado?
Parece que a rotina te manda sinais de ocupação: "Não olhe para atrás, ser forte é só pra quem sabe o que é ser forte."
é como se só veias já não fossem necessárias para segurar um coração, um corpo e uma alma
e eu juro que ouço aplausos, gritos de satisfação, cabelos cortados e crescidos.
é a vontade de magoar, abrir feridas, machucar as palavras e os livros.
Não se exponha ao perigo e à insegurança. Ande sobre a ponta dos pés
saiba o que pensar, onde achar o silêncio no barulho
encoste teu ouvido no peito de uma estátua triste, abra a porta para entrar o inesperado;
Venha, mude teu jardim abandonado, planeje as cores da parede de tua casa.
Teu pedido é meu comando
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domingo, 18 de setembro de 2011
Senso Comum
Sai de mim, silêncio
para que eu possa gritar em cima do espelho partido do esquecimento;
Sai de mim, silêncio
para que então eu saia da via-crúcis da vida para entrar na do sonho;
Sai de mim, silêncio
rasga-me o véu dos passos contidos para que eu possa andar em selva de pedra;
Sai de mim, silêncio
rouba-me o caos, tira-me o nada, apresenta-me às impossibilidades;
Sai de mim, silêncio
mostra-me o meu negativo, os contrários, a cidade das almas perdidas;
Sai de mim, silêncio
Sai de mim
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
domingo, 11 de setembro de 2011
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Supernova
terça-feira, 6 de setembro de 2011
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Este lado do paraíso
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Tu es
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Dream for the taking
ponte sobre água turbulenta.
Não consigo acreditar que a sua canção se foi tão rápido.
Não consigo acreditar que a sua canção se foi tão rápido.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
No meio
Olhava imagens velhas a fim de buscar inspiração - já não são os reflexos da dor nas paredes da indiferença que marcam a fraqueza nascida do acaso. Tinha medo de se acostumar à ausência, aos lençóis frios, às mãos geladas ansiosas por novas palavras.
Mas ainda estava de pé. Ainda olhava para cima, encontrava companhia na solidão, bebia goles de autossuficiência.
Engolia papos sobre santidade e sorrisos jogados na poeira;
sem arrependimentos, sem compreensão.
Mas ainda estava de pé. Ainda olhava para cima, encontrava companhia na solidão, bebia goles de autossuficiência.
Engolia papos sobre santidade e sorrisos jogados na poeira;
sem arrependimentos, sem compreensão.
sábado, 20 de agosto de 2011
domingo, 14 de agosto de 2011
devoção atrasada
Uma amiga distante uma vez me disse que toda sua poesia saía da insegurança de devoções que chegavam tarde demais. Devoções a coisas pequenas, conversas de meia palavra, músicas esquecidas, papeizinhos velhos, angústia sufocada. Para ela, parecia que todos andavam de joelhos, caminhos sinuosos que levam a estradas longas.
Olhei para suas feridas e percebi que as possibilidades se apresentavam à sua frente, mas ela perdia as horas vivas esperando segundos mortos.
Olhei para suas feridas e percebi que as possibilidades se apresentavam à sua frente, mas ela perdia as horas vivas esperando segundos mortos.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Risonha e carinhosa
"A mulher é apaixonada, a atriz é apaixonante.
Todas as vezes que a imagino a distância não a vejo lendo um jornal, mas um livro, pois Jeanne Moreau não faz pensar no flerte, mas no amor.
Ao contrário de tantos atores e atrizes que só conseguem atuar em conflitos e tensões a ponto de às vezes confundir concentração com os campos de sinistra lembrança, Jeanne Moreau fica à vontade num ambiente de trabalho risonho e carinhoso, que ela contribui para criar e que ajuda a preservar mesmo quando se trata de projetar emoções fortes."
Todas as vezes que a imagino a distância não a vejo lendo um jornal, mas um livro, pois Jeanne Moreau não faz pensar no flerte, mas no amor.
Ao contrário de tantos atores e atrizes que só conseguem atuar em conflitos e tensões a ponto de às vezes confundir concentração com os campos de sinistra lembrança, Jeanne Moreau fica à vontade num ambiente de trabalho risonho e carinhoso, que ela contribui para criar e que ajuda a preservar mesmo quando se trata de projetar emoções fortes."
François Truffaut (1981)
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Jeanne Moreau
A secret
Eu tinha um coração secreto dentro de mim e nem mesmo sabia como deixá-lo vivo. Eu tinha felicidade pequena que deixava meus lábios mais doces toda vez que ela se prendia neles. Eu tinha perfumes escondidos nos meus lençóis engomados que foram de refúgio a moradia. Eu tinha 57 tentativas, 39 rótulos de esperanças, 26 ideias de um futuro amargo e apenas 1 tipo de amor.
Eu tinha um caminho a seguir, uma língua a falar, um lugar para estar e três para cair;
E para onde vão as pessoas felizes?
Demorou muito, mas finalmente vi que elas não estão dentro de si mesmas.
Estão dentro de quem está ao lado delas.
Eu tinha um caminho a seguir, uma língua a falar, um lugar para estar e três para cair;
E para onde vão as pessoas felizes?
Demorou muito, mas finalmente vi que elas não estão dentro de si mesmas.
Estão dentro de quem está ao lado delas.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
domingo, 31 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Caixa de chuva
Já construí minha casa: coloquei as canções favoritas numa bolsa de veludo e os livros amarelados numa estante branca;
Já construí minha personalidade: levei a Olivetti de grãos de poeira e as fotos velhas de astros de cinema decadentes para o meu melhor amigo e amante;
Já deixei minha marca na casa velha: água fria com açúcar para os beija-flores;
Já garanti minha felicidade para dez anos: prendi meu riso entre as mãos;
Só não me cortei no vidro partido: eu parti primeiro
Já construí minha personalidade: levei a Olivetti de grãos de poeira e as fotos velhas de astros de cinema decadentes para o meu melhor amigo e amante;
Já deixei minha marca na casa velha: água fria com açúcar para os beija-flores;
Já garanti minha felicidade para dez anos: prendi meu riso entre as mãos;
Só não me cortei no vidro partido: eu parti primeiro
domingo, 24 de julho de 2011
shine a light
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Isolation
Estou fazendo exatamente como a Greta Garbo em Rainha Christina
isolação
Só que ao tocar o invisível com as pontas dos dedos sem tato, não olhar para os rostos e borrar as cifras das músicas de vozes desafinadas, eu acabo esquecendo os quartos - este quarto.
Não quero memorizar paredes, travesseiros manchados de rímel preto,blusas brancas, azuis e amarelas, aromas de sabonete de frutas frias, o escuro atrás de meus olhos - nada.
Não quero memorizar paredes, travesseiros manchados de rímel preto,blusas brancas, azuis e amarelas, aromas de sabonete de frutas frias, o escuro atrás de meus olhos - nada.
isolação
sábado, 16 de julho de 2011
some (where)
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Movimento em falso
Cansei de enganar todos com minha alegria falsa de dois amores segurados em bancos de sorveteria no meio da praia. A tristeza não é bela, feia, falso brilhante, surpresa que explode entre os lábios presos em mentira encontrada sobre o céu? Vou deixar tudo parado, gosto de álcool cego, angústia comprimida em espaços de 2 milímetros, nada do que vi é separado do melhor, mantenha na mente todas as coisas que você já esqueceu;
Barulho de vidro quebrando me incomoda, beba até ficar de pé onde você já esteve antes mas não quer continuar depois.
São as esperas iluminadas pela decepção, sensações jogadas no meio das mesmas pessoas vistas sob a procura embaçada do cansaço e da névoa;
O que queima é a ausência de dor azul, cinza escuro, verde claro, imagens que se movem de tão vivas, vermelhas e desesperadas
Promessas e expectativas são companhias para os solitários
Barulho de vidro quebrando me incomoda, beba até ficar de pé onde você já esteve antes mas não quer continuar depois.
São as esperas iluminadas pela decepção, sensações jogadas no meio das mesmas pessoas vistas sob a procura embaçada do cansaço e da névoa;
O que queima é a ausência de dor azul, cinza escuro, verde claro, imagens que se movem de tão vivas, vermelhas e desesperadas
Promessas e expectativas são companhias para os solitários
quarta-feira, 6 de julho de 2011
E eu queria ser borboleta...
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terça-feira, 5 de julho de 2011
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Words on Fire
terça-feira, 28 de junho de 2011
sexta-feira, 24 de junho de 2011
sonhos de 99 centavos
Não foi minha escolha rasgar meus vestidos, quebrar os vidros de perfume e perder os brincos em pisos gastos de indiferença fria. Foi nesse momento que achei papeis perdidos em películas de filmes e tive o sangue sugado por libélulas de asas pretas (sim, elas me machucam):
vi meus pulsos marcados pelas unhas desesperadas: eu não senti vida passar entre as veias vazias de hipocrisia, queria ver as luzes brilharem nas palavras desenhadas no vapor da minha janela da alma;
Meu Deus, por que nada sai?
minhas palavras dançaram em círculos sobre minha língua e tive que engoli-las antes de transformá-las em pensamentos. Sonhos de ouro, baldes de chuva.
vi meus pulsos marcados pelas unhas desesperadas: eu não senti vida passar entre as veias vazias de hipocrisia, queria ver as luzes brilharem nas palavras desenhadas no vapor da minha janela da alma;
Meu Deus, por que nada sai?
minhas palavras dançaram em círculos sobre minha língua e tive que engoli-las antes de transformá-las em pensamentos. Sonhos de ouro, baldes de chuva.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Et Si Je M'en Vais Avant Toi
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Café da manhã às sete
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Meio-dia atrás das pálpebras
eu devia ter ficado naquele travesseiro laranja só para provar que eu não tinha perdido o mapa que me levava ao que me atingia do chão à cabeça.
Nem vou tentar acusar ninguém de acabar com tudo, fingir que está tudo bem, colar embalagens doces de balas de morango no fundo da bolsa, está tudo ótimo, como se pode chorar sem ter um motivo?
o melhor é levar a vantagem, fazer pose bonitinha para uma foto de mentira, sair para comprar sapatilhas de veludo vermelho, remédio verde para sentimentos azuis.
pedi para colocarem tudo numa caixa branca e enterrarem bem longe - cuspam e joguem fora.
De novo.
Nem vou tentar acusar ninguém de acabar com tudo, fingir que está tudo bem, colar embalagens doces de balas de morango no fundo da bolsa, está tudo ótimo, como se pode chorar sem ter um motivo?
o melhor é levar a vantagem, fazer pose bonitinha para uma foto de mentira, sair para comprar sapatilhas de veludo vermelho, remédio verde para sentimentos azuis.
pedi para colocarem tudo numa caixa branca e enterrarem bem longe - cuspam e joguem fora.
De novo.
terça-feira, 14 de junho de 2011
inverno
Hoje, oito e meia da manhã, cabeça nas últimas notas
uma árvore - a única entre tantas - totalmente florida no meio da avenida.
nuvem rosa e fresca, tão quente quanto minhas preocupações do momento
E o engraçado que as flores estavam mais vivas que as folhas
pálidas e duras
uma árvore - a única entre tantas - totalmente florida no meio da avenida.
nuvem rosa e fresca, tão quente quanto minhas preocupações do momento
E o engraçado que as flores estavam mais vivas que as folhas
pálidas e duras
sexta-feira, 10 de junho de 2011
segunda-feira, 6 de junho de 2011
destruam tudo
quarta-feira, 1 de junho de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Glória
"Não tenho certeza de nada, a não ser da santidade dos afetos do coração e da verdade da imaginação - o que a imaginação capta como beleza deve ser verdade - tenha ou não existido antes."
John Keats, carta a Benjamin Bailey,
22 de novembro de 1817
John Keats, carta a Benjamin Bailey,
22 de novembro de 1817
A canção era longa: in blue
Relembrando minhas noites passadas em lençóis alvejados e manhãs silenciosas na casa vazia
"The only thing I knew how to do
Was to keep on keepin’ on like a bird that flew
Tangled Up In Blue"
Was to keep on keepin’ on like a bird that flew
Tangled Up In Blue"
domingo, 29 de maio de 2011
A última vez
oh, Canada
sangue de vinho sagrado, desespero morto pela vontade, diabos cheios de façanhas que ardem em fogo doce e amargo. Querido, estou de pé, com as mãos cobrindo o olho esquerdo, contando uma mentira encontrada nas palavras que ninguém quis dizer;
eu sei onde todo mundo esconde os segredos, quando calar a boca, tapar os ouvidos, cortar o fio que liga os incidentes ao acaso, gritar de olhos fechados;
ao sentar em bancos de bares nas esquinas, eu posso dizer quem eu pretendia ser. Mas só olhamos para o chão e para onde vão as expressões, os lugares esquecidos por Deus e o som cego, surdo e mudo que os fantasmas trazem na superfície;
arranque o que me corre pelas vísceras, faíscas doídas e amarradas à tinta da ponta de uma agulha. O chão se torna areia e água. Cadê minhas pílulas de angústia suprimida?
é exatamente como antes, os pássaros bicando minha porta até que o sangue saia de seus bicos feridos e toda minha humanidade desapareça com as penas que queimo com meu último cigarro guardado entre aneis de ouro falso;
o abandono do meu filho morto se estende nos galhos das flores que sufoquei com meu travesseiro, os anjinhos com suas asas quebradas zombando do meu olhar fixo para a luz que só pisca, que só apaga, que só existe;
o fácil e o difícil, as imagens que só existem na cabeça, o presente e o passado, a história da vida, uma novela dos falsos contos, vidros partidos em unhas de esmalte vermelho, marquem o ponto crucial do viver na minha superfície dissecada de vontades insondáveis;
cadê a noção do perigo? Para melhorar a luz que entra na janela coberta de pó, eu me abrigo na sombra dos obrigados, merci, thank you. E numa tentativa de me levar ao mundo construído pelos outros
chega alguém e penteia meus cabelos, constrói uma trança e depois a corta com os dentes esculpidos em marfim.
produzo imagens como ausência.
sangue de vinho sagrado, desespero morto pela vontade, diabos cheios de façanhas que ardem em fogo doce e amargo. Querido, estou de pé, com as mãos cobrindo o olho esquerdo, contando uma mentira encontrada nas palavras que ninguém quis dizer;
eu sei onde todo mundo esconde os segredos, quando calar a boca, tapar os ouvidos, cortar o fio que liga os incidentes ao acaso, gritar de olhos fechados;
ao sentar em bancos de bares nas esquinas, eu posso dizer quem eu pretendia ser. Mas só olhamos para o chão e para onde vão as expressões, os lugares esquecidos por Deus e o som cego, surdo e mudo que os fantasmas trazem na superfície;
arranque o que me corre pelas vísceras, faíscas doídas e amarradas à tinta da ponta de uma agulha. O chão se torna areia e água. Cadê minhas pílulas de angústia suprimida?
é exatamente como antes, os pássaros bicando minha porta até que o sangue saia de seus bicos feridos e toda minha humanidade desapareça com as penas que queimo com meu último cigarro guardado entre aneis de ouro falso;
o abandono do meu filho morto se estende nos galhos das flores que sufoquei com meu travesseiro, os anjinhos com suas asas quebradas zombando do meu olhar fixo para a luz que só pisca, que só apaga, que só existe;
o fácil e o difícil, as imagens que só existem na cabeça, o presente e o passado, a história da vida, uma novela dos falsos contos, vidros partidos em unhas de esmalte vermelho, marquem o ponto crucial do viver na minha superfície dissecada de vontades insondáveis;
cadê a noção do perigo? Para melhorar a luz que entra na janela coberta de pó, eu me abrigo na sombra dos obrigados, merci, thank you. E numa tentativa de me levar ao mundo construído pelos outros
chega alguém e penteia meus cabelos, constrói uma trança e depois a corta com os dentes esculpidos em marfim.
produzo imagens como ausência.
wind on the road
Umas linhas encontradas numa estrada:
Respiração amarga misturada ao que vai de ontem à semana que vem, angústia talhada em palavras de cova rasa, cantando na chuva do mal que aponta o caminho para sair
O nome arranhado em carne fria de esperas e obrigações.
O segredo imaculado que mora bem perto dos lugares escondidos da consciência
ela grita com a força que levanta minha sétima veia encravada no pulso
pintem meu nome em toda esquina de minha alma, deixem passar a felicidade instantânea escondida em caixinhas frágeis de papelão branco;
deixei um prato de amoras no meio dos sinais. Encontre-o.
Respiração amarga misturada ao que vai de ontem à semana que vem, angústia talhada em palavras de cova rasa, cantando na chuva do mal que aponta o caminho para sair
O nome arranhado em carne fria de esperas e obrigações.
O segredo imaculado que mora bem perto dos lugares escondidos da consciência
ela grita com a força que levanta minha sétima veia encravada no pulso
pintem meu nome em toda esquina de minha alma, deixem passar a felicidade instantânea escondida em caixinhas frágeis de papelão branco;
deixei um prato de amoras no meio dos sinais. Encontre-o.
linhas apagadas
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